Gordo de Raiz

Um gordo de raiz no spa – dia 3: santa gelatina

Crônica originalmente publicada em 20 de março de 2010 no Papo de Gordo.

Estou pegando fama de reclamão no Twitter. Até que eu mereço, já que o que mais tenho feito é reclamar de tudo o que acontece por aqui.

Mas hoje vou me redimir (até porquê o mimizento do Papo de Gordo é o Dudu e não pretendo tirar o cargo dele). Vou me esforçar pra só falar das coisas boas. Gelatina, por exemplo. A santa gelatina, protetora de todos os enjoados. É a coisa que mais me deixa feliz por aqui.

Explicando melhor: Ando mal-humorado e com sensação de fome por causa das porções pequenas de comida, e isso não é culpa minha. Mas tem algo que pode ser comido à vontade e que todos usam para compensar o vazio no estômago: salada. Só que, pra mim, comer salada à vontade é a mesma coisa que pular de avião sem paraquedas à vontade. Não dá. Impossível. No way.

Em compensação, tem uma coisa que é quase à vontade: gelatina. “Quase” porque estamos limitados a cinco potes por dia. Só que é o suficiente para me ajudar a enganar o estômago e, pelo que andei testando hoje, também bastante útil para me ajudar a comer salada. Essa não é a coluna do Flavio, mas lá vai a dica culinária: Pegue um pote de gelatina. Pegue um prato de salada. Jogue a gelatina na salada. Coma sem respirar.

Gelatina e alface
Antes que o pessoal duvide ou ache que é um déjà vu do podcast sobre receitas bizarras, a foto ao lado pode comprovar. Um suave alface americano coberto por um pedaço generoso de gelatina de morango. É o que vem me mantendo vivo por esses dias.

De qualquer forma, não tenho muito do que reclamar. Algumas pessoas por aqui estão fazendo exclusivamente dieta líquida. Eu já teria quebrado a clavícula de propósito se estivesse só à base de suquinhos e sopinhas. Pra ter uma ideia do desespero das pessoas, no almoço de hoje uma velhinha da dieta líquida quase roubou meu frango quando me distraí. Sério.

Também não posso reclamar das pessoas que trabalham aqui. A nutricionista, por exemplo, apesar de fazer restrições em relação à quantidade de calorias diárias, é flexível quando eu imploro por alguma alteração. Caso contrário, nessa janta eu teria comido feijão (ou melhor, não teria comido, já que vomitaria na mesma hora) ao invés do franguinho. Todos funcionários são simpáticos e mesmo os sádicos professores de educação física são gente boa fora da academia. Além disso há vários lugares para relaxar, como a piscina (desde que se tome cuidado para não confundir os horários e ir pra lá na hora da hidroginástica, do hidrorunning e do hidrowhatever).

A única coisa triste é que hoje foi o primeiro Dia Mundial Sem Carne que eu não pude comemorar numa churrascaria. Ao menos posso afogar minhas mágoas num pote de gelatina zero. Não é a mesma coisa, mas posso fechar os olhos e fingir que estou comendo uma picanha mal passada ao molho de morango enquanto uma trupe de vegetarianos faz protesto do outro lado da janela… aiai… bons tempos…

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