Gordo de Raiz

Um gordo de raiz no spa – dia 2: o queijinho e os dois reais

Crônica originalmente publicada em 19 de março de 2010 no Papo de Gordo.

Quando eu era pequeno gostava de assistir o desenho do Gulliver em Liliput. Minha memória pode estar me pregando uma peça, mas acho que nunca soube como ele se alimentava por lá, já que tudo era pequenininho. Agora sei.

Meu almoço de hoje foi um pedaço de boi liliputiano. Primo distante do frango anão já citado anteriormente. E a esposa desse boi, uma legítima vaca liliputiana, deve ter sido a produtora do queijinho muquirana que como todas as noites.

Vamos por partes: Quando as pessoas chegam no spa, deveriam ser recebidas pelo clássico “Tenho uma boa e uma má notícia”. A boa notícia é que há seis refeições diárias oficialmente. A má notícia é que você precisa de todas elas pra completar meia refeição normal. Ao menos normal nos meus termos, claro. A última comida do dia é a “ceia”, que consiste em um iogurte sem gosto ou um queijinho minas. E esse quejinho é menor que uma nota de dois reais! E com quase a mesma grossura!

O queijinho e os dois reais
Ao lado, coloquei uma foto no estilo “Colecionador de ossos” para mostrar que não exagero. Esse queijinho seria descartado de qualquer sanduíche meu como algo muito pequeno para fazer parte do contexto do sanduba. Provavelmente eu o comeria numa única mordida. Mas aqui, esse queijinho dura cerca de meia hora de mastigação intensa em pedaços mínimos, pra durar. Quem disse que spa não educa a gente?

Tudo vem em porções tão pequeninas que ir ao banheiro já me soa como desperdício. Até o pãozinho do café da manhã era recém-nascido. Podem conferir na foto no final do post o tamanho do carboidrato nosso de cada dia. Ao lado da meia maçã, claro. Por sinal, acho que entendi porque eles dão meia maçã: não existem macieiras em Liliput.

As porções pequenas emendam com a sensação de fome. Isso tudo em conjunto com as atividades de caminhada, hidroginástica e companhia ilimitada só me deixam de mau humor. Divido o pouco tempo livre com joguinhos no iPod e um livro do Saramago (a depender do meu estado de espírito no momento, claro). Até havia comprado uma revista de palavras cruzadas pra me distrair, mas logo de cara veio um caça-palavras com nomes de pratos italianos. Rasguei a revista na hora. E quase a comi.

Mas isso tudo é superado quando lembro como Gulliver era magro e saudável, capaz de puxar cinco barcos sozinho no mar e erguer várias pessoas adultas com um único braço. Em compensação, uma nota de dois reais por lá também deve ser minúscula, o que levaria o queijinho a ser microscópico… É… Acho que a situação dele era pior. E só não digo que estou reclamando de barriga cheia porque ela não está!

Café da manhã no spa

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