Gordo de Raiz

Um gordo de raiz no spa – dia 1

Crônica originalmente publicada em 19 de julho de 2009 no Papo de Gordo.

Cheguei ao spa ontem. Passei a semana me preparando. Comi que nem um condenado nos dias anteriores. Comemorei meu aniversário em uma pizzaria rodízio e detonei vinte fatias, por exemplo. Sem contar que almocei antes de chegar aqui e ainda caprichei no prato para não ficar com fome tão cedo.

Só que Murphy sempre sacaneia a gente.

Cheio de sede ao chegar no quarto, vi uma vasilha de água e não me preocupei em conferir o qualidade do conteúdo. Não apenas a água estava com gosto de velha, como me fez vomitar durante meia hora. Todo o almoço foi embora. Ainda suspeito que seja uma tática do spa para que os recém-chegados comecem sua estadia sem nenhum alimento do mundo exterior.

Ontem, ainda no “dia zero” de minha estadia, tive meu primeiro contato com a alimentação “spática”, mas de uma maneira diferente. Por coincidência, estavam fazendo uma festa junina (a despeito de já ser julho) e eu pude me deliciar com… um minicachorro-quente de salsicha de avestruz e um único salsichão com farofa. Tinha caldo verde, mas o troquei pelo cachorro. Ah… E uma pequena canjica depois. Comparando com o quanto eu comi na festa junina da escola semanas antes, isso serviu como parâmetro do que viria a seguir.

Acordando cedinho hoje, logo de cara descobri que meu café da manhã seria fora dos padrões. Ao menos, fora do meus padrões. Pude comer torradinha com alguma coisa em cima (não arrisquei perguntar antes de comer… e nem depois), café com leite e melão. O problema é que, diferente do Dom Lázaro, eu detesto melão. Implorei para trocarem por uma maçãzinha que fosse, mas só com ordens da nutricionista. E ela não trabalha domingo. Magoei.

O almoço também foi uma coisa um tanto quanto… diferente para mim. Pude escolher entre um peixe com alguma coisa e uma carne com um troço. Escolhi a carne. Era um pedaço minúsculo, mas levei mais tempo comendo do que em uma churrascaria rodízio para aproveitar cada milímetro (e nem eram tantos milímetros assim). Em compensação, o verde era liberado. O problema é que comer alface, rúcula e agrião à vontade é tão bom quanto ser eletrocutado na cadeira elétrica quantas vezes quiser.

Por fim, veio a janta. Santo molho de mostarda! Deixei de lado minhas preocupações sobre temperos fortes e problemas de saúde íntima e encharquei a cenoura, o alface e os negócios estranhos que não sei o nome com ele. Na verdade, encharcar é elogio, pois só tinha um potinho pequeno pra dar conta de tudo, mas consegui fazer um pequeno milagre da multiplicação do molho de mostarda que me ajudou a encarar o prato. Dispensei a sopa (tal qual a Mafalda, odeio sopa!) e comi um peito de frango (o bicho deve ter sido morto recém-nascido de tão pequeno que era o peito) e uma maçã (a mesma que eu tanto desejei no café da manhã).

Mas nem tudo é ruim. Podemos comer até cinco gelatinas por dia (catei duas no almoço e três de uma vez na janta) e, como o spa trabalha com calorias, posso beber guaraná zero o dia inteiro se quiser. Mas isso não muda o vazio interior que sinto em meu estômago. O negócio agora é esperar a ceia mais tarde pra me deliciar com um pequenino iogurte.

Meu reino por um polenguinho!

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