Gordo de Raiz

Momento musical: “Janta”

Crônica originalmente publicada em 16 de dezembro de 2009 no Papo de Gordo.

Para (tentar) cantar ao som de “Sampa”. E que Caê, filho de Canô, irmão de Bethânia, amigo de Gil, me perdoe.

Janta
(Caetano Adiposo)

Alguma coisa acontece com meu barrigão
Sempre que eu como banana, farofa e feijão
É que quando eu cheguei por aqui eu nada comi
Do duro torresmo salgado de tuas mineiras
Da macarronada tão bela de tuas padeiras

Ainda não havia para mim piriri
O maior problema do comilão
Alguma coisa acontece no meu barrigão
Que só quando como banana, farofa e feijão.

Quando encarei um pastel quente queimei o meu rosto
Chamei de gongolo o que vi, um bichinho sem gosto
É que nojento acha feio verme e pentelho
E à mente apavora o risco de comer pão velho
Nada do que não era antes ou um sanduba mutante

E foste um difícil começo
Só comi o que não conheço
E quem vende um bom sonho na minha cidade
Mudou-se pra longe e não é mais realidade
Sobrou tapioca de vento sem nenhum apreço

Do povo com fome nas filas pra comprar panelas
Usando Bombril pra arear e deixá-las mais belas
Da feia fumaça que sobe direto pro exaustor
Eu vejo surgir a comida no pano de prato
Galinha, batata à beça, bolinho de chuva

Bota pra dentro a comida utópica, tudo é janta
Impossível eu não comer isso aqui
Baianos famintos passeiam lá fora à toa
E minha barriga de novo não tá numa boa

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